Gasolina sem impostos atrai milhares em quatro capitais brasileiras
O estudante de Direito Diego Marques, 23, faltou à aula nesta terça (25). A funcionária de uma empresa de plano de saúde Tatiane Martinelli, de 33 anos, não foi trabalhar e seu filho, Lucas, 11, deixou de ir à escola. Em comum, um mesmo motivo: eles madrugaram numa fila de três quilômetros para abastecer o carro com desconto de 53% no preço da gasolina.
Hoje, quatro capitais brasileiras - Brasília, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre - realizaram um movimento contra os impostos cobrados nos combustíveis. Para protestar, postos ofereceram ao consumidor o litro da gasolina sem impostos. Resultado: filas quilométricas engarrafaram as ruas. Para conseguir encher o tanque em Brasília, ninguém esperou menos do que cinco horas. Apareceu até a turma dos espertos. Teve gente que levou carro antigo e pediu preferência para ser atendido e consumidor que carregou na carona idosos para tentar furar a fila. As artimanhas não vingaram.
Em Brasília, o protesto foi comandado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e promovida por um posto de gasolina na Asa Norte que disponibilizou, pelo menos, 20 mil litros de gasolina a R$ 1,59 o litro - o preço normal é de R$ 2,64. "Estamos bancando a campanha com o intuito de mostrar que a cobrança de imposto não é nossa culpa. O problema é a quantidade de impostos", disse Wonder Jarjour, 20, dono do posto que ofereceu a gasolina a preço baixo. "Essa é uma data simbólica. Há uma necessidade de uma reestruturação tributária no Brasil. Vivemos um ano de eleição, vem um novo presidente e é o momento de pensar nisso", afirmou Vicente Estevanato, 55, presidente da CDL em Brasília.
Às 5h40 desta terça (25), Tatiane Martinelli chegou para abastecer na companhia do filho Lucas. Só conseguiu botar gasolina às 11h20. Ainda assim, teve de respeitar o limite estabelecido pelo posto de 30 litros por carro. Economizou, na comparação com o preço comum, R$ 30. "Vale pela iniciativa. Quem sabe outros postos fazem o mesmo", disse. Para o servidor público Antônio Caetano, 58, o dinheiro economizado, depois de seis horas de espera, será usado para tomar uma "cervejinha". "Qualquer R$ 30 que a gente economiza já ajuda".
Roberto Maciel, 25, chegou às 12h, quando mais de 400 carros já tinham abastecido. Para furar a fila que ainda perdurava, tentou dar um jeito: levou o avô de sua mulher, Epifânio Alves, 83, e pediu preferência no atendimento. Não conseguiu e desistiu. Mais cedo, o condutor de um Fusca fabricado em 1962 pediu prioridade a seu "idoso" veículo. Não teve jeito. Voltou para o final da fila.
Fonte: Agência Estado