A força do presidente Lula
Tasso Franco
Tasso Franco
Publicada no Jornal Tribuna da Bahia
Pesquisa Datafolha publicada no último fim de semana na Folha de São Paulo, realizada nos dias 20 e 21 de maio com 2.660 entrevistas em 162 cidades e registrada no TSE, revela o poder de transferência de votos do presidente Lula da Silva, o qual conseguiu colocar sua candidata e do PT, Dilma Rousseff, à frente de José Serra no segundo turno com percentuais de 46% e 45%, respectivamente. É um feito e tanto visto que, na estimulada de dezembro do ano passado, a 1ª do Datafolha, Dilma tinha 26%, Serra 40% e Marina 11%. Agora, na quinta rodada, Dilma subiu para 37%; Serra 37% e Marina 12%. E, observando-se o segundo turno, em dezembro Serra tinha 49%; Dilma 34%, a equação inverteu-se e, pela primeira vez, Dilma venceria o pleito se as eleições fossem hoje.
As eleições, no entanto, ainda serão em outubro e faltam quatro meses, considerando-se, em tese, o mês “perdido” da Copa do Mundo (11 de junho a 11 de julho), quando as atenções estarão mais voltadas para Dunga do que para os candidatos à Presidência da República, governadores dos Estados e assim por diante. Mas, imaginar que vão ficar parados vendo a bola rolar nesse período, nem por sonho. Serra faz sua convenção nacional em Salvador, dia 12 de junho, e Dilma e Marina também terão que fazer as suas até 30 de junho, em pleno furor da Copa.
A pesquisa Datafolha aponta, ainda, que Dilma cresceu espacialmente no Brasil em todas as regiões, avançando sobretudo no Sul e Sudeste, áreas até então com melhor desempenho do “tucano”. No Nordeste, que é a parte que mais nos interessa, onde Lula tem uma aprovação de ótimo/bom da ordem de 85% (sua aprovação nacional é de 76%), Dilma subiu de 37% para 44%; e Serra, até em função de suas viagens à Bahia e ao Ceará não perdeu votos e manteve 33%. Diferente, aliás, do que aconteceu em todas as outras regiões onde perdeu votos, inclusive no Sudeste na relação de 45% (Serra) para 26% (Dilma); agora com 40% (Serra) e 33% (Dilma).
Veja, pois, como é importante para Serra essa posição estratégica na Bahia, maior colégio eleitoral do Nordeste e 4º do país; e em igual modo para o projeto Lula/Dilma, porque no Estado está o representante mais graduado do PT entre os governadores, Jaques Wagner, e aqui se trava uma disputa de vida ou morte para o DEM, com a candidatura Paulo Souto, uma das 3 deste partido com razoável viabilidade eleitoral. É provável que o Datafolha publique pesquisa sobre os estados. E, só aí, teremos uma dimensão do que se passa.
Mas, a julgar pelos números da última Vox Populi (Wagner, 41%; Souto 32%; Geddel 9%), o governador precisa e muito da ajuda do companheiro Lula, mesmo que o presidente tenha que se desdobrar nos dois palanques no Estado, visto que seu governo é apenas mediano e os números que desfruta na atualidade não refletem sequer a metade do desempenho do governo Lula na região. Seria, mínimo, de 42,5%, uma vez que a marca do desempenho do governo federal no NE é 85%.
Uma outra questão vista da pesquisa Datafolha foi o avanço de Marina Silva no conhecimento do público como candidata a presidenta do Brasil, subiu 10 pontos em 1 mês saltando de 63% para 73%, o que representa um indicador interessante, mas, que não refletiu (sequer alterou) seu desempenho da intenção do voto estimulado, mantendo-se em 12%. Esperava-se que, com a saída de Ciro Gomes, PSB, pudesse carrear para sua sacola eleitoral 2% ou 3% desses prováveis dissidentes, e nada aconteceu. Ou seja, a campanha está polarizada entre Serra e Dilma, com um nível assustador de decisões (74%), ainda na pré-campanha.
O presidente Lula sabe a dimensão de sua força política. Vai depender muito dele conduzir Dilma à vitória. E, nesse embalado, eleger alguns governadores do seu partido. Wagner está na lista. E vai necessitar muito desse empurrão.