Luciano Borges dos Anjos

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Até onde deve ir à fidelidade de um correligionário

“Quando homens de bem se silenciam ou se omitem, a tendência é que exista um declive na sociedade e eu sinceramente não compactuo com isto.”


Por Luciano Borges dos Anjos
borges170671@yahoo.com.br

Segundo o dicionário Aurélio, correligionário significa: Que ou aquele que tem a mesma religião, partido ou sistema que outrem.
Entendo que correligionário é alguém predisposto a seguir outro alguém desde que este outro alguém comungue das mesmas idéias desse alguém. É evidente que eu sei que nos dias atuais não é bem assim que se define um correligionário. O correligionário do dias atuais é aquele que recebe benesses e fica caladinho, caladinho, sem quaisquer influencias perante aquele que lidera a rede de correligionários.
Ser correligionário é poder se expressar, participar e ter voz altiva. Ser correligionário é poder compartilhar suas idéias e pensamentos sem retaliações. Não é simplesmente ouvir e acatar as determinações do chefe, líder ou mandatário.
Políticos e empresários com visão futurista procuram aliados com capacidade de discernimento. De agir por si só. Procuram correligionários que debatam com transparência e respeitosamente as suas opiniões e os seus projetos. Veja bem, eu disse políticos e empresários com visão futurista. Aqueles comprometidos verdadeiramente com o bem-estar da coletividade.
Não se deve admitir correligionário sem voz, sem ação, sem atitude, sem respeito a si próprio e aos seus propósitos.
Em cidades ou empresas onde o regime do mandatário é ditatorial, cabe aos correligionários exercer influencia capazes de ultrapassar os limites do autoritarismo, da prepotência e da incompetência, e não silenciar-se.
O político e filosofo Edmundo Burke já dizia: "Para que o mal triunfe basta que os homens de bem se omitam" E é isto mesmo! Quando um correligionário omite a sua opinião ele pode está favorecendo para que o mal triunfe.
Francisco de Paulo Cândido Xavier (Chico Xavier), um dos maiores divulgadores do espiritismo no Brasil, certa feita disse: “A omissão de quem pode e não auxilia o povo, é comparável a um crime que se pratica contra a comunidade inteira. Tenho visto muitos espíritos dos que foram homens públicos na Terra em lastimável situação na Vida Espiritual.” Alguém duvida disto?
O jurista, político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e orador brasileiro Rui Barbosa de Oliveira (nosso Rui Barbosa) disse: “Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma ciência”. Alguém vai me dizer que esta frase não expressa realidade?
Certa feita, o guerrilheiro Ernesto Che Guevara (Che Guevara ) disse: "Prefiro morrer de pé que viver sempre ajoelhado." É disso que estou falando. Ação, participação, sua existência aqui na terra. Não devemos ficar omissos. Não temos esse direito em vista das coisas erradas cometidas.
A omissão para mim é a arma dos incompetentes e covardes, e tem causado sérios danos à raça humana. Politicamente falando, a omissão em muitas comunidades tem sido o principal motivo do não crescimento socioeconômico dos povos. Um correligionário de verdade não aceita ser subjugado.
Correligionário bom é aquele que não se omite. Ele adverte, ele orienta.
Correligionário bom é aquele que fala. Que diz o que pensa. Que não permite que o líder cometa erros e que transforma prováveis erros em acertos.
Lideres de qualquer natureza que coíbem, maltratam, perseguem um correligionário por expor suas opiniões não é digno de permanecer liderando. Correligionários omissos aos erros dos seus lideres não devemjamaisconsolidar-se profissionalmente nem politicamente.
O verdadeiro correligionário é o que discute as ações claramente, e um verdadeiro líder é aquele que se orienta e se nutre dos debates e opiniões dos seus correligionários.
De nada adianta ser correligionário e não poder exercer a força do seu pensamento.
Por existirem correligionários omissos, tapados, egoístas, individualistas, Maria vai com as outras, é que muitas cidades e até empresas permanecem estagnadas, e aqueles que vivem em função dessas cidades e empresas simplesmente são obrigados a aceitarem a ausência da modernização, do avanço, de assistência básica, da competência administrativa.
O que se deve compreender é que independente de se pertencer a um grupo político ou a uma organização empresarial, sob a liderança de outro alguém, seja ele quem for, devemos exercer o direito, e porque não dizer o dever de se expressar, seja de forma favorável ou não. A discordância respeitosa é salutar. Eu disse respeitosa!
Correligionário subserviente e sem autonomia é a certeza da estagnação. É o prato predileto de líderes parasitas que tanto se alimentam do suor e do sangue de um povo.
Troca de idéias, debates de informações caracterizam o desenvolvimento, a perfeição e a evolução. Não deve omitir-se diante das ações danosas, diante da falta de zelo com o seu próximo, diante das ações erradas e que tanto envergonham a raça humana.
Quando homens de bem se silenciam ou se omitem, a tendência é que exista um declive na sociedade e eu sinceramente não compactuo com isto.
Do ponto de vista de um mandato popular, que me perdoe alguns vereadores, irei repetir o que já disse e publiquei diversas vezes, “ se for para ser vereador e não poder opinar, não expor minha idéias e não confrontar opiniões, eu prefiro não ser”. O mandato de um político pertence ao povo. É obrigação de cada representante cuidar e zelar por sua comunidade como um todo. É sandice imaginar que povo se alimenta de migalhas. Anos se vão, e a política tradicionalista e mesquinha permanece assolando comunidades inteiras pelo Brasil a fora. É chegada a hora de mudanças. É chegada a hora de uma profunda reflexão e para isso as mentes dos eleitores precisam compreender a importância do correligionário livre para expressar seus pensamentos e opiniões.


• Luciano Borges dos Anjos é militante politico do Partido Social Cristão da cidade da Cachoeira.Ba, Coordenador  Geral de Produção da Bonatec – Indústria e Comércio Ltda,  no estado de São Paulo e diretor-administrativo
do Jornal O Guarany.